domingo, 9 de outubro de 2011

Isso me assusta!

Faz algum tempo que minha vida tem mudado. Fui obrigada a reconhecer e viver em um mundo de forma brutal, sem estar preparada. Apesar de ter um diploma em jornalismo e ter conseguido um frila muito gratificante em um dos melhores jornais da América Latina, eu sou mais uma ingênua tentando sobreviver em um mundo cão. Me acho esperta na maioria das vezes, e em todas elas me engano. Os conselhos dos mais próximos são sempre os mesmo: "Ludmilla, você não pode confiar em todo mundo. Nem todos são bonzinhos. É uma briga de egos". E, perdida em meus devaneios doentios, que, diga-se de passagem tem acontecido muito, eu percebi que não vejo o mundo cor de rosa por ser uma pessoa boa, mas sim por não acreditar na maldade alheia.

Eu choro, e eu sofro constantemente. Me cobro todos os segundos. Tenho vontade de morrer (não, não estou dramatizando) quando cometo algum erro. Olho a profissão que escolhi e vejo que não sou merecedora de tamanho cargo para a vida. Evito olhar para mim como uma perdedora. Mas sou! Eu perdi para mim mesma.

As pessoas são invejosas, de fato. Não que eu não seja, afinal quem nunca olhou para a grama do vizinho e a achou mais verde? Mas juro, evito com ardor a essa sensação que me corrói e acaba com quaisquer ser humano que possa conhecer. Quando vejo alguém que acredito ser melhor que eu, não penso em derrubar, e sim, me destruo ao pensar que não tenho capacidade para chegar a tal lugar.

Não amadureci como achei. Sou imatura. Tenho medos. Estou totalmente insegura de mim. Não sei o meu futuro e talvez eu me cobre mais do que eu deva. Eu me aceito, mas não me acomodo e sim me incomodo.

Afinal, a vida cobra duro lá na frente. E eu me perco sonhando e desejando.
Só espero conseguir corresponder à tudo que estiver preparado para mim.

Meu porto seguro é o amor. O amor em geral, pela minha família, meu namorado, minhas cachorras e (hoje bem reduzido) meus poucos amigos. Nesse ponto sou fria. A minha felicidade é mais completa profissionalmente do que no amor. Minha ambição profissional supera minha vontade de criar uma família. E isso me assusta. Eu quero ser alguém de quem EU possa me orgulhar. Não quero que outros tenham orgulho de mim. SOMENTE EU saberei quando serei boa o suficiente para ter o MEU ORGULHO POR MIM MESMA.

Não sou merecedora do orgulho de minha mãe, de meu pai e de meu namorado. Não sou. Eles me idealizaram. E isso me assusta.

Eu durmo pensando no meu futuro profissional e esqueço da minha vida pessoal. E isso me assusta.
A confusão inundou minha mente de tal forma que não sei para onde ir. Eu sou um paradoxo perfeito de mim mesma.
Não enxergo nada além de um eterno ponto de interrogação. Me firmo arrogante e confiante, mas não passo de um dócil cachorro pedindo ajuda.

E acredito que vou me arrepender de tamanho de desabafo.

"Deus!sinto me tão confusa
confusa na ação de existir
é verdade que amo minha família
mesmo assim não sei o que sentir


desejo encontrar um certo lugar
lugar onde possa me encontrar
motivos esses que me condenam
a uma impaciência doentia


inércia em que submeto-me
revolta uma louca alucinação
folego de vida que jogo fora
mero caso que engana a ilusão


o romântico implora uma resposta
não se conhece a pergunta
tudo desconheço no labirinto
sentimento de vida aborrecida"

Gaudrya Tonaco


Ludmilla Amaral